Introdução

Obesidade e sobrepeso são definidos, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), como acúmulo anormal e excessivo de gordura com prejuízo à saúde.

A obesidade é uma doença de prevalência crescente e um problema de saúde pública em todo o mundo. Dados de 2016 estimam que mais de 1,9 bilhão de adultos em todo o mundo tem sobrepeso e, destes, 650 milhões sejam obesos. A prevalência de obesidade triplicou no período entre 1975 e 2016.

Isolar um único fator como causa determinante da obesidade é tarefa infrutífera, já que a doença se caracteriza por ser multifatorial e é consequência do desequilíbrio entre o consumo e o gasto energético. É uma doença metabólica, de origem genética, agravada pela exposição a fenômenos ambientais, culturais, sociais e econômicos associados a fatores demográficos (sexo, idade e etnia) e ao sedentarismo. A obesidade está intimamente relacionada a outras comorbidades, entre as quais hipertensão arterial, diabetes, doenças articulares e apneia do sono.

É preciso enfatizar que a obesidade pode ser evitada. Para isso, deve-se destacar a importância de uma dieta balanceada e a pratica regular de exercícios físicos.

 

Classificação da obesidade

Podemos classificar a obesidade de maneira quantitativa, segundo a massa corporal do paciente, ou qualitativa, de acordo com a distribuição da sua gordura corporal. Na primeira classificação, utiliza-se o índice de massa corporal (IMC), proposto primeiramente pelo belga Lambert Adolphe Quételet, em 1835. O IMC é expresso pelo peso do indivíduo em quilogramas, dividido pelo quadrado de sua altura em metros.

IMC = P/H2 = kg/m2

O índice é aceito internacionalmente como indicador de obesidade. A OMS, em 1997, e o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês), em 1998, endossaram o IMC como referência de medida para a obesidade. Seu cálculo é simples e rápido, embora apresente um inconveniente: não distingue massa gorda de massa magra. Por essa razão, indivíduos muito musculosos podem ser erroneamente classificados como obesos. Sua aplicação em crianças também não é apropriada, já que, além do peso, o IMC varia com a altura e a idade.

Quanto à gravidade, a OMS classifica obesidade em três níveis:

• grau I: IMC entre 30kg/m2 e 34,9kg/ m2;
• grau II: IMC entre 35kg/ m2 e 39,9kg/m2;
• grau III: IMC igual ou maior que 40kg/m2.

Os riscos de comorbidades e mortalidade associadas à obesidade têm potencial moderado no grau I, grave no grau II e muito grave no grau III.

Na classificação qualitativa, a distribuição da gordura corporal pode estar mais concentrada na região abdominal, definida como androide ou do tipo maçã – mais frequentemente encontrada em indivíduos do sexo masculino –, ou nos quadris, definida como ginecoide ou do tipo pera – mais comum entre mulheres. Entretanto, é preciso ressaltar que estes tipos de deposição da gordura corporal não são exclusivos de um sexo ou de outro. A obesidade androide costuma levar a um maior número de complicações cardiovasculares e metabólicas, enquanto a ginecoide leva a complicações vasculares periféricas e ortopédicas.
A relação entre obesidade e mortalidade associada a doenças cardiovasculares já é bem estabelecida. Fontaine e colaboradores (2003) demonstraram que um indivíduo branco de 20 anos com IMC maior do que 45kg/m² tem uma expectativa de vida de 13 anos a menos que um indivíduo da mesma idade e etnia com IMC menor do que 25kg/m². Em comparação com um indivíduo saudável e com IMC menor de 25 kg/m², um obeso da mesma idade tem um risco seis a 12 vezes maior de óbito. Esta relação entre obesidade, risco de doenças cardiovasculares e óbito tem associação com o grau de inflamação subclínica que o paciente obeso apresenta (CALLE et al, 1999).